Pelo menos dois estados norte-americanos abriram processo de investigação contra o aplicativo de vídeo chamadas Zoom devido aos diversos problemas de segurança apresentados por ele nas últimas semanas. Mais além, diversos outros estados já consideram opção similar, ainda que não tenham formalmente aberto nada neste primeiro momento.
O Zoom se tornou imensamente popular devido ao avanço do novo coronavírus (SARS-CoV-2) pelo mundo, classificado, desde 11 de março, como “pandemia global” pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Por causa do volume crescente de infectados, várias empresas no mundo aderiram ao trabalho remoto (home office), dependendo de ferramentas de comunicação virtual para realizar reuniões à distância. O Zoom adquiriu proeminência dentro desse contexto, mas com a popularidade também veio a exposição de vários problemas de segurança e privacidade.
“Estamos preocupados com o [volume] de incidentes envolvendo ‘Zoom-bombing’ e estamos buscando mais informações com a empresa sobre suas medidas de segurança e privacidade, em coordenação com promotores de justiça de outros estados”, disse ao POLITICO o promotor-geral de Connecticut, William Tong. O jurista não especificou “quais” estados são esses.
Entretanto, durante sua pesquisa, o POLITICO entrou em contato com diversos estados e seus respectivos departamentos de promotoria pública, obtendo a confirmação de que o estado da Florida também é parte deste esforço coletivo, segundo um porta-voz da procuradora-geral Ashley Moody. O estado se envolveu no caso após uma reunião virtual feita via Zoom por estudantes da Universidade da Florida ter sido invadida por hackers, que compartilharam mensagens racistas, suásticas e pornografia em 31 de março de 2020.
Comentando a situação, um porta-voz do Zoom trouxe o caso para uma visão mais positiva: “Nós agradecemos todo o feedback que recebemos destes problemas, vindo de vários oficiais eleitos [de justiça] e estamos ansiosos para trabalhar com eles”.
As questões de segurança do Zoom tomaram a proporção legal após uma reportagem do The New York Times forçar a procuradoria geral do estado a questionar a empresa sobre a sua tomada de medidas para assegurar a proteção de seus usuários frente ao novo e acrescido volume de sua base. Na última semana, o POLITICO também confirmou o pedido por mais explicações de Nova York para a empresa.
Voltando a Connecticut, o senador Richard Blumenthal (Partido Democrata), um dos políticos mais engajados em questões de privacidade nos EUA e eleito pelo estado, exigiu que o Zoom revelasse exatamente quais dados ele coleta de seus usuários. Ao site The Intercept, na última semana, a empresa por trás do aplicativo disse que promove a coleta de dados “segura” dos usuários, ou seja, ela monitora e armazena apenas informações que levem ao aprimoramento do aplicativo, como endereço de IP, sistema operacional utilizado etc., mas que informações de cunho pessoal ou pertinentes aos conteúdos das reuniões são inacessíveis aos seus empregados.
O CEO da Zoom Technologies, Eric Yuan, disse na semana passada que a empresa paralisaria o lançamento de novos recursos a fim de tratar dos diversos problemas de segurança descobertos. Desde então, uma das medidas adotadas pela companhia — e a única publicamente divulgada — foi a exigência de senhas para se conectar a qualquer videochamada realizada no aplicativo. Anteriormente, isso era determinado pela preferência do apresentador da reunião e muitos acabavam organizando vídeos sem esse recurso.