O Facebook desenvolveu um sistema que isenta muitas celebridades, políticos ou pessoas públicas no geral de cumprir as regras de usuário, de acordo com documentos internos que vazaram e foram publicados nesta segunda-feira (13) pelo The Wall Street Journal (WSJ).
O programa, conhecido dentro da empresa como “XCheck” ou “verificação cruzada”, foi inicialmente criado como um mecanismo para revisar mais detalhadamente as medidas tomadas contra contas de alto perfil, mas acabou protegendo muitos usuários com um perfil relevante das regras que se aplicam.
De acordo com o jornal de Nova Iorque, por vezes o ‘XCheck’ protegeu personalidades cujas publicações eram controversas, podendo ser consideradas como incitação à violência ou assédio. Para os usuários, tais conteúdos normalmente custariam sanções, como o encerramento de suas contas.
A publicação do WSJ citou o caso do jogador Neymar, que em 2019 publicou no Facebook fotos com nudez de uma mulher que o havia acusado de estupro, na tentativa de se defender. A rede social acabou removendo as imagens posteriormente.
O jornal também apontou o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, como integrante da “lista vip”. No entanto, a big tech baniu o acesso do republicano em junho deste ano.
No total, pelo menos 5,8 milhões de usuários em todo o mundo foram incluídos no XCheck em 2020. Em geral, a moderação na plataforma criada por Mark Zuckerberg usa sistemas automatizados para detectar violações de suas regras contra assédio, conteúdo sexual, discurso de ódio ou incitamento à violência.
Em alguns casos, os conteúdos são apagados automaticamente, enquanto em outros são moderadores de empresas externas contratadas pelo Facebook que se encarregam de analisar mensagens, fotos ou vídeos detectados por esses sistemas ou denunciados pelos utilizadores.
As contas incluídas no XCheck, no entanto, recebem um tratamento mais favorável nesses casos e os moderadores não podem remover o conteúdo imediatamente, mas a análise passa para os funcionários do Facebook e, às vezes, para executivos seniores.
Nos documentos obtidos pelo WSJ, o Facebook reconhece os problemas deste sistema e tem tentado modificar o programa.
Andy Stone , porta-voz da empresa, respondeu às informações do jornal negando por meio do Twitter que existem duas categorias de usuários e defendendo a decisão de fazer uma segunda revisão do conteúdo de algumas contas relevantes para evitar erros.
Segundo Stone, a única coisa que os documentos internos mostram é que o Facebook quer melhorar esse programa e frisou que é isso que vem fazendo nos últimos anos.
A reportagem do Jornal também sugere que não éramos claros sobre a capacidade dos políticos de falar livremente na plataforma – sugerindo que isso de alguma forma é uma proteção secreta. Mas desde 2019, quando nós mesmos promovemos que a empresa adotaria essa abordagem para o discurso dos políticos, tem havido literalmente centenas de notícias críticas à nossa abordagem […] No final, no centro dessa história está a análise do próprio Facebook de que precisamos melhorar o programa. Sabemos que nossa aplicação não é perfeita e há compensações entre velocidade e precisão – escreveu o porta-voz.